Os sindicatos de técnicos, agentes e professores das universidades estaduais do Paraná publicaram nota de repúdio à proposta de Educação a Distância imposta pelo governador Ratinho Jr.

No documento, os dirigentes sindicais denunciam o que chamam de ““faz de conta que desconsidera o processo de ensino e aprendizagem, penalizando os alunos e rebaixando o papel docente” e salientam que “o governo do Paraná não leva em consideração as necessidades específicas de cada estudante decorrente da grande desigualdade social que existe no país”.

Confira a íntegra do documento:

Nota de repúdio à EaD na educação do Paraná

As difíceis e penosas perspectivas que se apresentam devido ao cenário de pandemia, indicam mais tempo de suspensão de atividades letivas, afinal a aglomeração em espaços presenciais de ensino é evidentemente perigosa.

Por esse motivo, os governos têm colocado em debate a implementação improvisada e extremamente precarizada da Educação à Distância, característica de uma visão, já suficientemente demonstrada, de ódio à Educação e à cultura acumulada, ciência e, em particular, à escola.

Os sindicatos de técnicos, agentes administrativos e docentes da universidades públicas estaduais do Paraná filiados ao Fórum das Entidades Sindicais (FES) que subscrevem essa nota, entendem que o debate não se reduz ao uso de tecnologias ou à disposição e dedicação dos funcionários públicos em educação. Trata-se da concepção de educação.

Na compreensão das direções sindicais, a Educação é uma relação em que mestres não se limitam a transmitir informações, mas a valorizar o patrimônio cultural, científico e humano como algo ao qual vale a pena dedicar suas energias, condição para que a humanidade avance na sua marcha civilizatória.

O ensino a distância não tem nada a ver com Educação, mas com comércio. É a proposta de se fazer um ensino sem professor e sem escola. Todas as experiências em EaDs, no mundo, levaram a reduzir drasticamente a quantidade de docentes envolvidos na atividade.

E isso é tudo que o que Banco Mundial, Bolsonaro e Ratinho Jr. querem. Todos os EaDs sonegam dos estudantes a experiência humana do contato direto com colegas e docentes, essas interações múltiplas e enriquecedoras em que o aluno confronta seus valores e forma sua personalidade e sua consciência.

No caso da Educação Básica a cargo da Secretaria de Educação e Esporte do Paraná (Seed-PR) o que tem sido proposto é um “faz de conta” que desconsidera o processo de ensino e aprendizagem, penalizando os alunos e rebaixando o papel docente.

Nessas condições, a proposta é elitista, discriminatória e favorece empresas detentoras das patentes dos equipamentos e metodologias. O único avanço é o das empresas cuja mercadoria é o ensino.

O governo do Paraná não leva em consideração as necessidades específicas de cada estudante decorrente da grande desigualdade social que existe no país. No afogadilho, sem licitação ou transparência algumas, efetua gastos públicos imensos a despeito de qualquer decisão democraticamente construída e, com isso, despeja recursos públicos no setor privado.

A precarização, aliada à sanha privatista, sempre interessa aos que desejam lucrar com a Educação, direito fundamental de todos.

”O propósito da aula não deveria ser transmitir dados. Para isso existem os livros, as bibliotecas, atualmente a internet. A aula deveria inspirar e provocar reflexão. Você está lá para assistir a um bom professor pensando em voz alta, tentando alcançar um pensamento, às vezes agarrando-o ao vento, como fazia o célebre historiador A. J. P. Taylor. O bom professor – aquele que pensa em voz alta, reflete, matuta, reelabora com mais clareza, hesita e então capta, varia o ritmo, para e pensa – pode ser um modelo de como refletir sobre o assunto e transmitir sua paixão por ele. Se é para o professor zumbir informações em tom monocórdico de leitura, que mande o público ir ler de uma vez – quem sabe o livro do próprio professor”.

DAWKINS, Richard. Fome de saber. A formação de um cientista. São Paulo: Companhia das Letras, 2015; páginas 159-160

Os sindicatos da universidades públicas do Paraná dizem não à EaD!

O FES diz não à EaD!

Sesduem – Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual de Maringá

Sintespo – Sindicato dos Técnicos e Professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa

Sinteoeste – Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Oeste do Paraná

Adunioeste – Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Sindiprol/Aduel – Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Estadual de Londrina e Região

Sintesu – Sindicato dos Docentes e Agentes Universitários do Ensino Sup. Est. de Guarapuava e Irati

Sinteemar – Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Ensino de Maringá

Assuel – Sindicato dos Servidores Públicos Técnico-Administrativos da Universidade Estadual de Londrina

Sindunespar – Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual do Paraná