Governo bloqueou repasses feitos pelo SUS e dinheiro poderá ser aplicado em outras áreas

O Laboratório de Ensino e Pesquisa em Análises Clínicas (Lepac), o segundo maior laboratório público do Paraná, pode fechar as portas em dois meses.

Pacientes de doenças graves como tuberculose, Aids, hepatite, meningite e hanseníase correm o risco de ficar sem diagnóstico. O motivo é uma decisão do governo Ratinho Junior que bloqueou 30% dos repasses feitos pelo SUS ao laboratório.

O Lepac é vinculado à Universidade Estadual de Maringá (UEM) e atende mais de 100 municípios da região noroeste do estado. Por mês, são em média 2,9 mil pacientes e mais de 10 mil exames de média e alta complexidade.

De acordo com a coordenação do laboratório, se o governo não rever a decisão, a unidade vai ficar sem dinheiro para comprar os materiais utilizados na produção dos exames e para pagar a manutenção dos equipamentos.

Corte

Com a chamada Desvinculação de Receitas de Estados e Municípios (DREM), o governo passou a ter a possibilidade de reter até 30% dos recursos próprios gerados pelas universidades estaduais.

Como o Lepac tem convênios diretos com o SUS, 30% da receita do laboratório ficou retido para o estado empregar como quiser, sem se preocupar com a manutenção do serviço de saúde realizado pela instituição.

As informações são do SindSaúde que repudiou as “investidas tanto do governo estadual como federal pra cima dos recursos da educação e da saúde”.

Importância do Lepac

Ele é considerado laboratório de referência regional para doenças epidemiológicas, aquelas “que podem gerar agravos em toda a população, por exemplo meningites, leishmaniose, hanseníase e doenças íctero-hemorrágicas”, frisa Eliana Valéria Patussi, coordenadora do Lepac.

O Lepac faz parte do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, e do Programa Nacional de Controle da Tuberculose, ambos do Ministério da Saúde. É o único especializado no diagnóstico de fungos patogênicos na macrorregião noroeste do Paraná e, desde 2014, único público paranaense que realiza análise de citologia oncótica de colo de útero.

Em 2018, o Lepac contribuiu com publicação de 31 artigos em revistas científicas de alto impacto, 16 trabalhos expandidos em eventos, 23 resumos em anais, início de cinco dissertações de mestrado e conclusão de sete, finalização de uma tese de doutorado e andamento de mais oito, além de desenvolvimento de 12 projetos de iniciação científica, dois de iniciação em desenvolvimento tecnológico e inovação, e dez trabalhos de conclusão de curso de graduação. “Se perdermos o Lepac, teremos uma dupla perda: vamos perder tanto em ensino de excelência quanto em atendimento de excelência à população”, preocupa-se Patussi.

Informações da ASC-UEM.