Governos sem compromisso com a população priorizam os lucros da iniciativa privada em vez dos interesses da maioria da sociedade. E o sucateamento (reduzir a eficiência de empresas e serviços públicos para justificar a privatização) é uma das suas principais artimanhas. É a lógica do “sucatear para privatizar”.
Mas como eles fazem isso?
A ampla maioria da população (quase 70%) no Brasil é contraria às privatizações. As péssimas experiências dos anos 1990 serviram para demonstrar que esse não é um bom caminho para o país (e nem para outros países).
Para enganar as pessoas e convencê-las de que a única saída para problemas nos serviços públicos e nas empresas estatais seria privatizar, governos começam a aplicar cortes de recursos, orçamentos, investimentos, pessoal e estrutura.
De forma intencional e proposital, esses governantes reduzem a qualidade dos serviços públicos e espalham mentiras contra os servidores. Com isso, eles querem que a população se irrite e passe a acreditar na falsa ideia de que o “conserto” virá pelas mãos da iniciativa privada.
Isso torna o dia a dia dos brasileiros mais difícil porque muitas vezes afetam serviços públicos que são essenciais:
– Água e saneamento básico (quase 40 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada e quase 100 milhões não possuem esgoto)
– Energia (em praticamente todos os estados onde ocorreram privatizações houve grandes aumento das tarifas de energia, em alguns casos perto de 40%)
– Saúde (mais de 90% da população depende exclusivamente do SUS)
– Educação (cerca de 90% dos estudantes frequente escola pública e convivem com a falta de prioridade dos governantes)
– Habitação (mais de 33 milhões de brasileiros não têm onde morar e vivem na rua ou em ocupações)
Privatizações são excludentes
A sucatear serviços essenciais, esses governantes enfraquecem economias locais, reduzem o bem-estar da sociedade e excluem uma parte da população, que passa a não ter acesso a direitos básicos. É uma tática cruel, mas aplicada com bastante frequência a partir dos anos 1980 e, principalmente, nos anos 1990.
Em vez de priorizar as necessidades da população, ampliando o investimento em áreas essenciais para incluir mais pessoas, esses governos vão na contramão e geram mais desequilíbrio social. Isso porque a privatização não é a solução para os problemas do Estado, apenas beneficia alguns poucos envolvidos e quem adquire esses serviços.
Mas a privatização não é a solução. E mesmo que alguns citem o exemplo da telefonia (privatizada no final dos anos 1990), é importante lembrar que os avanços só aconteceram por causa das mudanças tecnológicas que ocorreram no mundo todo (e ocorreriam aqui independentemente das privatizações), mas mesmo assim ela se tornou altamente concentrada, cara (entre as tarifas mais altas do mundo), de péssima qualidade (líder em reclamações e processos na Justiça) e ainda excludente (especialmente no acesso à internet de alta velocidade).
O sistema financeiro também passou por esse mesmo processo. Com a privatização dos bancos estaduais o mercado se tornou extremamente concentrado, cidades pararam de ser atendidas, projetos na área rural ou de acesso a crédito com juros reduzidos deixaram de existir e o setor é um dos que gerou mais desemprego nas últimas décadas.
Governos inteligentes não abrem mão de áreas essenciais ou de setores estratégicos, pois na privatização o país perde em desenvolvimento e a população mais carente é a mais prejudicada, porque na essência o compromisso da iniciativa privada é o lucro, e não o benefício do povo e a soberania nacional.